terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Review | Star Wars Resistance


Star Wars Resistance teve seu último episódio – um especial de 40 minutos (1 hora, caso contemos intervalos comerciais) – exibido no dia 26 de janeiro de 2020. Com um final surpreendentemente confortável e cativante, a série animada consegue começar a achar seu rumo nos momentos finais. E esse é o problema para nós que buscamos muitas ligações com os filmes da nova trilogia, já que Star Wars Rebels foi a última grande produção do estúdio de animação com a qual tivemos contato.

Criada por Dave Filoni, a nova animação teve a responsabilidade passada para Athena Portillo, Justin Ridge e Brandon Auman, que também estiveram ao lado do nosso querido caubói desde a produção original de The Clone Wars. O motivo? The Clone Wars estava de volta para uma última temporada, e Filoni precisava focar em voltar e terminar de contar um capítulo em sua história. A série, ao contrário do que muitos pensam, foi realmente desenvolvida para apenas duas temporadas. E aqui entra uma opinião: a série nunca teve o intuito de ser ambiciosa.

Da esquerda para a direita, Athena Portillo, Justin Ridge e Brandon Auman, o trio responsável pela animação.
Após o fim de Rebels com aquele maravilhoso mistério de “o que há por vir?”, estava claro que não estávamos vendo o fim de nossos personagens – Ahsoka, Ezra, Thrawn e Sabine para jogar alguns exemplos – e que precisávamos de uma continuação. Mas, como dito anteriormente, Filoni precisava terminar uma página dos capítulos não contados de The Clone Wars. Uma continuação naquele momento estava longe de cogitação, mas o estúdio animado não podia ficar parado: Kazuda “Kaz” Xiono a partir dali era o novo nome que ficaria na mente dos fãs da saga. Por bem ou por mal.

Não me entendam mal. A série, como todas as outras, foi feita para crianças. Mas, ao contrário de suas predecessoras, Resistance jamais teve a chance de amadurecer junto com sua audiência, mas ainda joga sutilmente temas políticos, o lado cinza de um confronto aparentemente preto x branco, e até mesmo, de uma forma mais audaciosa em seu último episódio, um bombardeio orbital em uma espécie alienígena. Caramba.

A ironia aqui é que Resistance é uma série animada repleta de fillers (episódios que não se complementam com a história geral de maneira alguma) e alguns personagens secundários com muito potencial introduzidos ao longo da série, como Mika Grey – uma arqueóloga estilo Indiana Jones, cujo primeiro contato com a audiência é ela atrás de uma relíquia em um templo Sith perdido – jamais foram desenvolvidos, assim como essa animação também não tinha esse propósito até que The Clone Wars chegasse. A evolução de personagens principais, também, é um pouco perdida para olhos menos atentos devido à quantidade imensa de episódios que não significam nada e parecem apenas preencher o espaço da semana. Mas quando Resistance queria ter algum significado, ela ia direto ao ponto.


No final da primeira temporada, por exemplo, a vida mais ou menos pacífica de nossos protagonistas na plataforma de combustível Colosso é interrompida devido a uma ocupação da Primeira Ordem. O capitão, Immanuel Doza, ex-Imperial, faz um acordo com tais forças a fim de parar ataques piratas e vê que não só Darth Vader tinha a capacidade de alterar ainda mais o acordo. Em um dos momentos finais da temporada, Hosnian Prime, o lar do nosso protagonista, é destruído pela Base Starkiller após o discurso do próprio General Armitage Hux, conectando-nos com os eventos de O Despertar da Força. Kaz automaticamente sobe no conceito do herói que perde seu planeta natal e que podemos nos simpatizar, assim como nos simpatizamos com a Princesa Leia quando nós vimos a destruição de Alderaan pela Estrela da Morte. A emoção toma conta de Xiono e a série se torna algo muito menos leve quando percebemos que Kaz pensa que perdeu sua família (foi revelado na segunda temporada que eles escaparam), amigos, conhecidos e, em um toque não tão pessoal, todo um sistema estelar. Teria Resistance finalmente começado a achar seu toque, com um protagonista maduro, cheio de conflitos, que não grita e não age como o tolo que arranca risadas de crianças? 

Não.

Ao menos, não até o próximo momento que a série precise dele assim. Novamente, voltamos com fillers ao começarmos nossa segunda temporada, e até mesmo Tam – antiga membra da equipe de mecânicos que servia na Colosso e amiga de Kaz que desertou e se juntou à Primeira Ordem – aparece em episódios pontuais, e vagarosamente sua trajetória em entender que a Primeira Ordem não era tudo que achava se constrói. Sendo brilhante ou não a forma que ela é feita, sempre é interessante ver a dualidade do confronto.

Tam Ryvora e Jace Rucklin são exemplos de dualidade até mesmo dentro da Primeira Ordem. Tam ainda tem suas dúvidas, mas Rucklin está certo de que o que eles estão fazendo lá é certo.
Sendo sincero, Resistance não tem muito o que contar depois desse ponto. A participação de Poe Dameron e BB-8 na primeira temporada e como eles servem de apoio para a saga e para terreno familiar, assim como Ahsoka e Rex serviram em Rebels ou Anakin e Obi-Wan serviram em The Clone Wars, e referências aqui e ali para o que está acontecendo na galáxia nesse momento, como quando a Colosso está procurando combustível e para em D’Qar logo após a Resistência ter evacuado do planeta, é algo que vale para todo fã que está ansioso para qualquer tipo de conexão com o mundo maior dos filmes, mas fora isso, dá para contar em apenas duas mãos os episódios, dentre trinta e oito, que valem a pena ser assistidos. Algumas das aparições especiais são bem divertidas e são um alívio de serem vistas, principalmente a dos droides de batalha da era da Federação do Comércio.

"Roger, Roger!"
Por sinal, a animação pode não ser a da mais agradável para quem acaba de sair de Rebels ou está acostumado com os gráficos de The Clone Wars (ao menos, os mais recentes. Em retrospecto, as duas primeiras temporadas da tão aclamada série são bem difíceis de assistir. E olha que The Clone Wars também teve sua quantidade gritante de fillers), mas a direção de arte e o pano de fundo de várias cenas ganham um devido destaque.

VEREDITO:


Daí, depois de todo esse texto, a pergunta óbvia é: “eu deveria assistir?”. A resposta não é fácil. Resistance é uma série animada que nunca teve um propósito definido em um escopo maior, limitando-se a contar a história de seus protagonistas, e conseguiu brilhar em alguns momentos pontuais. A animação, obviamente, não visa um público adolescente, e certamente, não um público adulto; mais do que muitas outras coisas, uma mente aberta é extremamente essencial para relevar certas coisas que acontecem no meio tempo entre episódios que têm destaque. Dito isso, eu, que cá escrevo, certamente achei que algumas situações valeram meu tempo, mas, cá entre nós, eu também já havia desapegado da ideia de esperar uma série muito boa no estilo das anteriores há muito tempo.

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